sábado à tarde

O cheiro de Coucieiro é o melhor do mundo.
O cheiro do Campo é o melhor do mundo.
O cheiro das Galinhas é o melhor do mundo.
O cheiro da Chuva no Campo e nas Galinhas do Coucieiro é o melhor do mundo.

it ain't me you're looking for, babe

Às vezes gostava que tudo fosse mais doce. Mais suave, como a pele de um bebé. Gostava que as dúvidas existenciais fossem à merda e a leveza da vida fosse constante. Gostava que a vivência de cada um se comportasse como um rio.
Uma vez o meu mestre de kung-fu disse-me "devemos todos ser como um rio, densos, mas leves à passagem". E é isso.
Consigo abstrair-me de coisas que não conseguem abstrair-se de mim, e isso faz-me dores de cabeça que me empurram até ao chão. Fora de disso, fora de tudo, só o que não me prende a coisa alguma.
E essa ideia, essas imagens são terríveis, piores que a minha convicção de que a vida se rege pelo amor. O terror é o de viver uma vida que se renega ao prazer libertino de ter coisas das quais a minha abstração é impossível. O terror é o de viver uma vida que aprecia o mundano, o fácil, o simples.
Mas mesmo assim, procuro o medo onde o encontro, e caio no possível caminho do banal e fictício. Como um inconsciente que cessa por nunca ser ouvido.
Se perguntarem um dia sobre o que é isto tudo
a minha vontade é a de perguntar o que é isto tudo.

Emagreço a pensar nisto tudo
e falho(-me) a pensar no que é isto tudo.

Tinjo(-me) nisto tudo
Volto(-me) para isto tudo
E choro nisto tudo.
Gostava de um dia cair para dentro de mim e saber onde estou.
E assim tudo se resumiria a um momento de lucidez impossível de ultrapassar.
Temo a minha ida.
Temo a tua ida.

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